Lisboa: sem-abrigo retirados do Jardim da Igreja dos Anjos e hospedados em hostels por tempo indeterminado. Câmara assume as despesas

Lisboa: sem-abrigo retirados do Jardim da Igreja dos Anjos e hospedados em hostels por tempo indeterminado. Câmara assume as despesas

Título: Sem-abrigo retirados do Jardim da Igreja dos Anjos em Lisboa e alojados em hostels por tempo indeterminado; Câmara Municipal assume despesas

Alt texto: A Câmara Municipal de Lisboa aloja sem-abrigo em hostels após serem retirados do Jardim da Igreja dos Anjos.

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Nos últimos dias, a cidade de Lisboa assistiu a uma medida significativa no que toca à questão dos sem-abrigo. Várias pessoas que viviam no Jardim da Igreja dos Anjos foram retiradas do local e alojadas em hostels por tempo indeterminado. Esta decisão foi tomada pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), que assumiu integralmente as despesas do alojamento, como parte de um esforço para dar uma resposta imediata às condições de vida precárias dessas pessoas.

Uma resposta à crise habitacional e social

A decisão de retirar os sem-abrigo do Jardim da Igreja dos Anjos surge num momento em que a crise habitacional em Lisboa continua a ser um tema de grande preocupação. A CML justificou a ação como uma medida necessária para salvaguardar a dignidade e os direitos humanos destas pessoas, que viviam em condições degradantes e expostas a condições meteorológicas adversas.

O vereador da Ação Social, António Sá Fernandes, referiu em comunicado que “o município não pode ficar indiferente à realidade dos sem-abrigo, especialmente quando estas pessoas estão a viver em espaços públicos sem as mínimas condições de higiene, segurança e conforto.” Ele ainda destacou que a decisão de alojá-los em hostels por tempo indeterminado foi tomada para garantir que, até uma solução habitacional mais permanente ser encontrada, estas pessoas possam viver com maior dignidade.

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Hostels: uma solução temporária

O alojamento em hostels, embora temporário, oferece melhores condições do que a permanência nas ruas ou em jardins públicos. Estas unidades de alojamento proporcionam não apenas um espaço para dormir, mas também acesso a higiene pessoal, alimentação e serviços de apoio. Este modelo tem sido adotado em várias cidades europeias para responder de forma imediata às crises de sem-abrigo, garantindo que essas pessoas não fiquem expostas a condições extremas enquanto se procuram soluções mais estáveis.

Contudo, a CML reconhece que esta não é uma solução definitiva. O objetivo, segundo Sá Fernandes, é garantir que, paralelamente ao alojamento temporário, sejam desenvolvidas medidas de inclusão social e de apoio ao emprego, de forma a permitir que os sem-abrigo possam reintegrar-se na sociedade de forma mais sustentável.

Reações da comunidade e dos grupos de apoio social

A ação da Câmara Municipal de Lisboa foi recebida com reações mistas. Algumas organizações que trabalham diretamente com os sem-abrigo manifestaram o seu apoio à medida, reconhecendo a necessidade urgente de retirar essas pessoas das ruas e colocá-las em condições mais dignas. Maria José Nunes, da Associação Crescer, afirmou que “qualquer medida que vise melhorar as condições de vida dos sem-abrigo é bem-vinda. O alojamento em hostels oferece uma solução imediata, e esperamos que seja acompanhado de políticas mais abrangentes para garantir que estas pessoas tenham acesso a habitação permanente e apoio psicossocial.”

No entanto, outras vozes críticas levantaram questões sobre a falta de uma estratégia de longo prazo para abordar a crise dos sem-abrigo em Lisboa. João Teixeira, sociólogo e especialista em políticas sociais, alerta que “o alojamento temporário em hostels não pode ser visto como uma solução definitiva. É necessário um compromisso contínuo e sustentado por parte das autoridades para resolver as causas subjacentes da pobreza e do desemprego que conduzem ao fenómeno do sem-abrigo.”

Câmara Municipal promete soluções mais permanentes

Em resposta às críticas, a Câmara Municipal de Lisboa reafirmou o seu compromisso com a implementação de políticas habitacionais mais abrangentes. Num comunicado recente, foi anunciado que está em fase de planeamento a construção de habitação social e a expansão de programas de apoio ao arrendamento acessível. Estes projetos visam oferecer uma solução de longo prazo para as pessoas em situação de vulnerabilidade habitacional.

Sá Fernandes destacou que “a prioridade da Câmara é garantir que ninguém fique sem um teto sobre a cabeça, mas também que essas pessoas possam aceder a programas de formação e inserção no mercado de trabalho. A questão dos sem-abrigo não se resolve apenas com um teto, é preciso apoiar estas pessoas de forma holística.”

O impacto na comunidade local

A retirada dos sem-abrigo do Jardim da Igreja dos Anjos também teve impacto na comunidade local. Muitos residentes e comerciantes da zona expressaram alívio pela ação, afirmando que a situação no jardim havia se tornado insustentável, com problemas de segurança e higiene a afetarem o dia a dia da área. “Foi uma boa decisão”, disse um morador local que preferiu não ser identificado. “É importante ajudar essas pessoas, mas também precisamos de proteger os espaços públicos para que possam ser utilizados por todos.”

Ainda assim, alguns moradores mostraram preocupação com a possibilidade de as medidas temporárias se prolongarem indefinidamente sem uma solução clara à vista. “Já vimos medidas temporárias durarem anos”, comentou outro residente. “Espero que a Câmara cumpra a sua promessa de encontrar soluções permanentes e não deixe estas pessoas esquecidas nos hostels.”

Um passo na direção certa, mas com desafios pela frente

A retirada dos sem-abrigo do Jardim da Igreja dos Anjos e o seu alojamento em hostels marca um passo importante na resposta imediata à crise habitacional e social que afeta Lisboa. No entanto, como alertam especialistas e grupos de apoio, esta é apenas uma solução temporária, que precisa de ser acompanhada por uma estratégia de longo prazo que inclua habitação acessível, inserção social e apoio contínuo.

Com a crise habitacional a agravar-se na capital portuguesa, as ações da Câmara Municipal de Lisboa estarão sob intenso escrutínio nas próximas semanas e meses, à medida que se procura avaliar se as medidas anunciadas serão suficientes para enfrentar o crescente desafio dos sem-abrigo na cidade.

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