O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, lançou um apelo urgente para que os estados membros da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica realizem “investimentos significativos” em fundos internacionais destinados à proteção da natureza. Este apelo foi feito durante a Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP16), que decorre em Cali, na Colômbia, de 21 de outubro a 1 de novembro, e reúne representantes de mais de 190 países.
Necessidade de ação imediata
Em uma mensagem em vídeo divulgada no dia anterior à abertura das negociações, Guterres enfatizou a necessidade de compromissos financeiros robustos. “Devemos sair de Cali com investimentos significativos nos fundos do Quadro Global para a Biodiversidade e com compromissos para mobilizar outras fontes de financiamento público e privado para pô-lo em prática na sua totalidade”, declarou. Segundo o secretário-geral, a degradação dos serviços que a natureza fornece, como a polinização e o acesso à água potável, pode resultar em perdas anuais de milhares de milhões de dólares para a economia global, afetando mais gravemente as populações mais vulneráveis.
Objetivos globais e compromissos
A COP16 segue-se à COP15, realizada em 2022, onde foi aprovado o Quadro Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal. Este acordo ambicioso estabelece uma série de objetivos a serem atingidos até 2030, incluindo a proteção de 30% das terras e mares, a restauração de 30% dos ecossistemas degradados, a redução pela metade do uso de pesticidas e a mobilização de 200 mil milhões de dólares por ano para a conservação da natureza.
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Os 196 países, com exceção dos Estados Unidos, comprometeram-se a apresentar até à COP16 uma “estratégia nacional de biodiversidade” que refletisse a sua contribuição para o cumprimento desses 23 objetivos globais. No entanto, os detalhes sobre os mecanismos que garantirão a responsabilização dos países ainda estão pendentes de adoção, levantando preocupações sobre a eficácia do acordo.
Impactos locais e globais
O impacto da degradação da biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, mas também econômica. Guterres destacou que a falta de investimento na natureza poderia levar a um colapso dos serviços essenciais que dependem de ecossistemas saudáveis, resultando em consequências devastadoras para a economia global e, em particular, para os países em desenvolvimento.
A conferência em Cali representa uma oportunidade crucial para que os líderes globais avancem na implementação de políticas que salvaguardem a biodiversidade e combatam a degradação dos recursos naturais. O evento também ocorre em um momento crítico, onde os desafios ambientais estão se intensificando, exigindo uma resposta coletiva e coordenada.
Portugal na COP16
Portugal participa da COP16 sob a ameaça de multas devido ao não cumprimento de algumas diretrizes europeias, mas traz um plano inovador para a Rede Natura, que visa aumentar a proteção das áreas naturais do país. O governo português tem se esforçado para integrar as suas políticas de biodiversidade com as metas da União Europeia, destacando a importância de um compromisso firme com a conservação.
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O evento em Cali contará com uma série de painéis, discussões e sessões de networking, onde as nações poderão compartilhar suas melhores práticas e avanços em matéria de biodiversidade. Espera-se que a conferência leve a compromissos concretos e a um aumento do financiamento para a conservação, que são fundamentais para enfrentar os desafios globais da degradação ambiental.
Conclusão da Conferência
A COP16 é uma etapa fundamental na luta pela conservação da biodiversidade, onde os representantes dos países estão sendo convocados a agir de forma decisiva. Com a crescente pressão sobre os ecossistemas do planeta, as discussões que ocorrerão em Cali podem determinar o futuro da biodiversidade em escala global. As promessas de investimentos significativos e a mobilização de recursos são essenciais para garantir que a natureza receba a atenção e os recursos que tanto necessita.